sábado, 30 de junho de 2012

Tombamento e revitalização da Cervejaria Antarctica Paulista

Bruna Gonçalves da Silva e Miriam Rita de Almeida



Inaugurada em 1911, a antiga Cervejaria Antarctica Paulista obteve  sucesso na época em que esteve ativa.Tanto que chegou a financiar as obras     do Theatro Pedro II, inaugurado em 1930 e, após seis anos, abriu o Snooker Pinguim. Ainda na década de 30, contribuiu com a implantação do Bosque Municipal, em 1937, e com a criação da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, no ano seguinte.
Segundo o arquiteto e urbanista Cláudio Henrique Bauso, membro do CONPPAC (Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto), a Companhia Antarctica nasceu em São Paulo, em 1888, mas foi em 1911 que o grupo ampliou seus projetos e construiu uma filial na Avenida Jerônimo Gonçalves, próxima a Estação da Cia. Mogiana de Estradas de Ferro. Atraídos pela produtiva terra "roxa", os donos  da fábrica resolveram maximizar seus lucros e fazer crescer a cidade, até então pouco populosa. Os principais elementos que culminaram na escolha de tal cidade estão nas terras férteis e na água doce originária do aquífero Guarani.
A Companhia Antarctica Paulista foi uma das primeiras grandes indústrias a ser instalada em Ribeirão Preto e encerrou suas atividades em 2005. Em 2002, ela foi vendida para a empresa mexicana FEMSA (Fomento Económico Mexicano, S.A.B.) e efetivamente desmontada em 2005, deixando cerca de 350 famílias desempregadas.
O valor histórico do local é imensurável e rende estudos contínuos. Para Bauso, o local segue um estilo arquitetônico onde as fachadas têm rigor geométrico e ritmo linear, trata-se de um cartão postal de Ribeirão Preto e hoje é vista obsoleta e ociosa na cidade, alvo certo dos especuladores imobiliários.
O local tem muita história para contar, tanto que em 2009 foram descobertas cerca de 10 mil plantas arquitetônica originais, sendo dessas 300 históricas. De acordo com Cláudio, no dia em que descobriu as relíquias havia uma equipe de topógrafos tentando separar arquivos sobreviventes em meio a balanças, maçaricos, sucatas e máquinas inoperantes, e foi neste momento que ele entrou em uma sala isolada e se deparou com as plantas.
Uma matéria divulgada no jornal A Cidade em novembro de 2009 (leia no final da página) noticiou o fato de maneira superficial e não deu a importância devida a descoberta. Hoje, as plantas passam por um processo de recuperação e manutenção para que sejam apresentadas no momento mais oportuno, que seria talvez na tão falada revitalização do local. 
Cientes do valor histórico da antiga cervejaria, no dia 11 de fevereiro de 2004, o até então presidente do CONPPAC, Cláudio Henrique Bauso entrou com um pedido de tombamento provisório da Avenida Gerônimo Gonçalves  visando a preservação histórico-cultural da Avenida, um dos cartões postais da cidade e arredores, que incluía a Companhia Antarctica Paulista.
O pedido foi assinado por Vera Lúcia de Russi, oficial administrativa de protocolo e arquivo da Prefeitura, e toda documentação foi enviada ao Secretário da Cultura para que fossem providenciadas as publicações necessárias. Assinado por Cláudio e por Edson Salemo Junior, arquiteto e secretário do CONPPAC na época, a solicitação foi encaminhada também ao Ministério Público para que o veredito do pedido chegasse o mais rápido possível.
Outro pedido foi enviado, no dia 08 de julho de 2004, só que desta vez com a intenção de conseguir o tombamento definitivo do local. O processo de já estava em andamento, o grande desafio do Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural do Município de Ribeirão Preto (CONPPAC), seria conseguir o aceite do pedido. O prazo estipulado para a manifestação da concordância, ou não, do tombamento foi de 15 dias para a  finalização do processo.
Logo surgiram algumas adversidade que dificultaram o andamento e a concretude do processo. A prefeitura alegou  a ausência de documentos importantes, dados primários e a identificação do bem e do proprietário impossibilitando a deliberação de abertura do processo de tombamento e notificação do proprietário. O processo tramitou com órgãos administrativos, tais como: Secretaria da Fazenda – Marcos Furquim; Secretaria da Infra-estrutura – Israel Higino Fávero de Aguiar; Secretaria da Cultura/ Arquivo Histórico – Tânia Cristina Registro; Secretaria de Planejamento –Ângela Games Sanches Souza e Francisco do Carmo Nucitelli; Secretaria dos negócios jurídicos – Juliana Galvão Pinto; Secretaria da Cultura – Misael Dentello. 
No dia 22 de outubro de 2004, a decisão saiu foi publicado o parecer que desagradou todos os membros do CONPPAC :


Em 2011, o estudante Matheus da Costa Gomes, não encontrado até o momento para se pronunciar, que solicitou o tombamento da fábrica, como mostram os documentos abaixo:

Pedido:

Resposta:


Matheus solicitou tombamento em 2011 e a partir desta ação, mudou-se o rumo do local, uma vez que já havia investidores interessados em compra-lo. O pedido gerou discussões e uma análise da prefeitura que acionou os futuros empreendedores e o CONPPAC.
De acordo com a notícia veiculada no jornal A Cidade, em março de 2012, o tombamento da cervejaria foi concedido oficialmente ao CONPPAC. Assinada pela presidente do conselho, Dulce Palladini, os prédios e o acervo público passaram a ter proteção especial até decisão final sobre o processo.
As especulações sobre o futuro do local ocorrem desde 2009 e uma das pessoas que mais se pronunciou sobre o assunto na imprensa foi o vereador Maurílio Romano que partiu sempre em defesa da preservação e revitalização da antiga fábrica. 
Em entrevista radiofônica concedida aos jovens Fernando Belezine, Heloísa Zaruh, Ícaro Ferracini e Victor Prates, em setembro de 2011, Maurílio já dizia algo sobre a possível construção de um Shopping Center naquele local, ressaltando que isso realmente revitalizaria a região incrementando o comércio, sem esquecer a importância cultural daquela área para muitas famílias da cidade.
Romano defendia a ideia de convencer os futuros proprietários a preservar um espaço do local onde poderia ser instalada uma exposição permanente de equipamentos, documentos, relatos e fotos que marcaram a presença da Cia Antárctica Paulista na história da cidade.
“A história deve ser preservada, pois faz parte de nosso povo e da nossa cultura”, afirmou o vereador.
Maurílio ainda afirma que em 10 de fevereiro de 2009 ao tomar conhecimento de que o antigo prédio da Companhia Antárctica havia sido adquirido e que os empreendedores pretendiam instalar um Shopping Center, enviou um requerimento solicitando a prefeita municipal que intercedesse junto aos empreendedores no sentido de “reservar um local no novo empreendimento para exposição permanente dos equipamentos daquela empresa, como recordação da antiga indústria”.
Ainda de acordo com Maurílio a prefeita Dárcy Vera achou importante a sugestão e declarou que a cidade precisava realmente preservar este patrimônio .
A prefeita afirmou que concordava com o pedido do vereador e reiterou que o local trata-se de um prédio muito importante para a cidade e em especial para o bairro da Vila Tibério. Dárcy acredita que a cervejaria colaborou em muito com o desenvolvimento de Ribeirão Preto empregando muitas pessoas e contribuindo com a consolidação econômica do município. 
 O vereador Maurílio complementa as informações da prefeitura dizendo que acredita que a construção desse complexo comercial, trará grandes benefícios para nossa cidade, a destacar: criação de um grande número de empregos, desenvolvimento do turismo de negócios e comércio e aumento da arrecadação de tributos para o município.
O projeto que aliaria preservação cultural histórica da antiga Cervejaria Antarctica ao desenvolvimento econômico da região tem gerado muitos murmurinhos, mas o que tem ocorrido de fato são planejamentos e levantamentos detalhados da área realizados pelo CONPPAC.
Cláudio confirma que Itamar Suave realmente é um representante dos empreendedores de Ribeirão Preto junto com Antônio César Merenda e Marcela Bergamo (Cem Empreendimentos) de Jaboticabal, mas diz não saber os nomes dos demais. Ainda de acordo com Bauso estes investidores compraram a Antarctica por 17 milhões e venderam a ideia aos demais empreendedores por um valor de aproximadamente 100 milhões
De acordo com a prefeita Dárcy Vera, uma reunião foi realizada em novembro de 2011, quando o grupo de investidores se apresentou e revelou o projeto que pretendem anunciar neste ano ainda. 
De acordo com Cláudio, os investidores contrataram os serviços de dois especialistas, um professor doutor da USP de São Paulo o arquiteto Marcelo Carlucci e Lúcio Gomes Machado arquiteto Diretor da GMAA (Gomes Machado Arquitetos Associados).
Os especialistas desenvolveram um projeto riquíssimo em detalhes, com fotos e desenhos da futura estrutura. De acordo com o projeto apresentado e atendendo ao pedido de preservação histórica emitido pelo CONPPAC, serão construídos um shopping center, prédios residenciais, prédios comerciais, uma passagem para o transporte urbano será aberta, o sentido de algumas ruas serão modificados, para facilitar o trânsito no local.
Em acordo com os relatórios apresentados pelo CONPPAC, a obra respeitará os espaços considerados históricos e que ainda possuem arquitetura da época. Abaixo a planta sinalizando (em verde) as edificações indicadas para preservação: 



A preservação do local terá a finalidade de abrigar o Memorial da Antarctica. A ideia principal, de acordo com o Cláudio era de construção de um museu, mas exigiria uma análise muito mais ampla e investimentos muitos maiores do que o previsto. Porém, mesmo sendo um memorial não torna o projeto inferior, pois necessita atender a uma série de espaços e serviços.
O material (estudo do pavilhão histórico) patrocinado pelo próprio empreendedor visa à utilização das peças originais da fábrica, as plantas antigas que serão expostas, a caixa d´água também será mantida como símbolo. 


Ribeirão Preto finalmente terá acesso ao patrimônio histórico que tanto movimentou a cidade na década de 30. Mesmo com um direcionamento totalmente comercial, a iniciativa do jovem colocou em questão tudo o que o espaço proporcionou e pode proporcionar a todos os moradores.

Terras do Senhor

Brunno Vogah e Airton Grupioni




Talvez Jaboticabal seja uma cidade privilegiada: boa parte do perímetro urbano da cidade é do Senhor, ou pelo menos de seu representante aqui na terra, o Papa. Exatos 9,7 km², dos 255 km² do perímetro urbano da cidade são de propriedade da Igreja Católica. A área compreende o centro da cidade, os bairros Sorocabano, Santa Mônica, Vale do Sol, seguindo até a Aparecida. Muitos dos que vivem na cidade talvez nem saibam disso e fiquem sabendo da pior forma possível: na hora de vender o imóvel, 2,5% do valor deve ser pago à Igreja sob a forma de Laudêmio.
O que é o Laudêmio? Laudêmio é uma taxa paga nos contratos de enfiteuse ou aforamento. A enfiteuse é um contrato perpétuo no qual o proprietário ‘arrenda’ as terras a um enfiteuta (espécie de arrendatário) que por sua vez deve pagar uma taxa de ocupação anual (foro) de 1,5% e o laudêmio de 2,5% quando vender o imóvel. Além das taxas, a Igreja tem preferência na compra do domínio útil do imóvel e o enfiteuta pode adquirir a propriedade pagando um resgate de 17,5% do valor do imóvel.
 A enfiteuse teve origem na Grécia Antiga, no século V a.C. O senhorio cedia as terras para terceiros plantarem e criarem rebanhos, desde que pagassem ao senhorio uma cota do rendimento anual. Na Idade Média, a organização feudal de suserania e vassalagem favoreceu a disseminação da enfiteuse. Das 25 cidades da região de Ribeirão Preto, 11 tem a enfiteuse e em todas são pagas a Igreja Católica, que é proprietária perpétua das terras.
Em 1844, o fundador de Jaboticabal, João Pinto Ferreira doou a Igreja Católica as terras da fazenda onde tinha se instalado o povoado. Para povoar as terras, a Igreja transferiu o direito de uso de suas terras para quem tivesse interesse em construir casas. A cobrança do laudêmio em Jaboticabal iniciou-se somente na década de 1980. Segundo o titular do 2º Cartório de Registro de Imóveis de Jaboticabal, Dorivaldo Camillo, foi iniciada pelo bispo Dom Luiz Eugênio Perez. “Quando o bispo Dom Luís veio de Jales, ele trouxe a ideia de cobrar o laudêmio aqui, porque o antigo bispo Varani (Dom José Varani) nunca teve intenção de cobrar aqui.”
Muitos dos que moram na cidade ficam sabendo da taxa somente na hora de vender a casa, como no caso da dona de casa Sandra Oliveira. "Quando fui vender a casa, fiquei sabendo que teria que pagar mais de dois mil reais para a Igreja, fiquei indignada com isso, pois nem católica eu sou". O vendedor Sérgio Lopes ficou espantado com a taxa. "Quando fui transferir a escritura, fiquei pasmo, pois estava negociando outra casa e estava contando com o dinheiro que foi pago ao padre".
O advogado da Cúria Diocesana de Jaboticabal, Dr. Mário Lúcio, disse que é dever da diocese cobrar o laudêmio. “A Diocese tem a obrigação de cuidar daquilo que é seu. Tem muita gente que argumenta: ‘Não sou católico’, isso é propriedade, não tem nada a ver com religião”. Segundo o advogado, a Igreja isenta os moradores do pagamento anual do foro de 1,5%. “A Diocese de Jaboticabal não cobra o foro que tem direito de receber”. Segundo Camillo, a Igreja tem feito a opção de compra dos imóveis por valores menores que o pedido pelo dono do imóvel. “Teve casos de ter pago menos da metade do valor, e o dono da casa tem que vender, pois é obrigado pela enfiteuse”.

No Litoral
Muitas pessoas vão a praia todos os anos e ficam apaixonadas com a beleza do litoral brasileiro. Os mais abastados pensam até em comprar um imóvel de frente para o Atlântico. Muitos sonhos se desfazem quando ficam sabendo que terão que pagar o Laudêmio à União, e ainda o foro anual.  A explicação é que os terrenos de marinha são de propriedade da União e considerados de interesse da segurança nacional. O laudêmio para essas áreas da União é de 5% do valor atual do imóvel e o foro ou ocupação anual varia entre 0,6 e 5% do valor do imóvel, dependendo de sua classificação.




Um patrimônio cultural que pede socorro

Adriano Freitas, Luan Amaral e Gilliano Motta


No dia 29 de dezembro de 1903 nasce o protagonista desta reportagem, Cândido Portinari, filho de imigrantes Italianos, Portinari vem ao mundo não para ser mais um, e sim, para marcar a muitos com seu dom artístico imensurável. Porém, nove anos depois de seu centenário, uma parte do que este artista proporcionou ao patrimônio histórico mundial pode virar ruínas devido ao descaso de determinados órgãos públicos.
Cândido Portinari tem quase cinco mil obras que vão de pequenos esboços à pinturas grandiosas como os painéis “Guerra e Paz” de aproximadamente 14 metros de comprimento por 10 de altura. Várias delas estão espalhadas pelo mundo e pelo Brasil, como a própria “Guerra e Paz” que foi um presente encomendado pelo governo brasileiro a Portinari para ser entregue a sede da ONU nos EUA, onde está até os dias atuais. 
Perante toda essa importância de Portinari no cenário cultural nacional e internacional, a primeira vista acredita-se que suas obras são tratadas da forma mais cuidadosa, para que estejam sempre preservadas, porém, a realidade não é esta, na cidade de Batatais, onde está o maior acervo sacro do artista, 14 telas (retratos da Via Sacra) vem sofrendo com o descaso dos órgãos responsáveis frente à ação do tempo e de cupins.
As telas de Batatais estão expostas na Paróquia Bom Jesus da Cana Verde desde sua criação, no ano de 1954. Elas foram pintadas para a igreja, como presente do artista à cidade, tanto, que até hoje, o padre responsável, Pe.Pedro Ricardo Bartolomeu, possui o documento que comprova que as telas são de posse da Igreja.
O CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) tombou as 14 telas da Via Sacra e, no ano de 1975, elas receberam sua última restauração. 
Trinta e sete anos depois, a restauração da Via Sacra da Paróquia Bom Jesus da Cana Verde volta a entrar na pauta, após diversas denúncias na Imprensa abordando o descaso dos órgãos competentes (Prefeitura, Igreja, CONDEPHAAT, IPHAN) para com as telas, pois elas vem sofrendo os desgastes do tempo e a ação de cupins.
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Batatais afirma que o processo de descupinização já foi feito por uma empresa contratada pela própria prefeitura, o que é corroborado pelo Padre da Paróquia, Pedro Roberto Bartolomeu.

A telas estão  instaladas em um local inadequado pois não possui as adaptações necessárias para a preservação das obras, o que, segundo a pesquisadora cultural Alessandra Baltazar é de extrema necessidade, pois fatores como a umidade, luminosidade dentre outros, são requisitos obrigatórias para se abrigar obras de arte. Tudo isso agravado ao livre acesso de qualquer visitante as obras, que são tocadas por qualquer um, fato comprovado pelo Padre que afirma ter marcas de dedos nas telas. O Pe. ainda afirma que já pediu à prefeitura que auxiliasse a Paróquia na construção de um local adequado para as Telas, com iluminação e climatização propícias as obras, mas, segundo ele, nada foi feito, “Isso só depende da autorização e da boa vontade do poder público”.
Mais do que o valor Religioso, as Telas da Via Sacra de Cândido Portinari carregam uma responsabilidade sentimental para com o povo Batataense, comprovada na fala da munícipe Helena Aparecida Moraes, que, além de artesã é a representante do Parque Simielli em Batatais, “O sentimento que tenho com relação às obras deste grande artista, é muito grande. Eu sou artesã, e sei como é difícil o trabalho cultural, e se as obras de um grande artista estão quase que encostada, imagina quem faz um trabalho mais simples, sem tanta evidência na cidade. Minha grande vontade teria sido de conhecer o Cândido como artista, e por isso, tenho tanto medo de perder esses trabalhos, pois é o que nossa cidade tem de mais valioso”. 
Relevante também tratar do turismo de Batatais, pois para o Pe. Pedro “as telas de nossa Igreja são os únicos atrativos turísticos de nossa cidade”. Já o professor de Filosofia do Curso de Direito da Universidade Paulista José Carlos Garcia de Freitas que acredita que as telas prejudicam o “funcionamento” tradicional da Igreja, pois os visitantes ou curiosos que vão à Igreja, muitas vezes se esquecem dos fiéis que estão ali em busca de silêncio, de oração, de paz, o que, para o professor gera a necessidade de um lugar específico para as telas além da questão de preservação do patrimônio artístico.
O apelo popular é muito grande para que os órgãos responsáveis tomem as devidas providencias a Locutora Monica Nicolau é mais uma prova disso, “Eu já realizei uma visita na igreja Matriz para ver as telas deste artista, mas eu acho um tremendo descaso principalmente pela memória do artista e do valor histórico das obras em deixá-las  expostas sem manutenção durante todo esse tempo”. Frente a todas essas manifestações populares e de profissionais da arte, a prefeitura diz já ter entrado com trâmites legais para a restauração das telas e que várias empresas já a procuraram para uma possível parceria. 
Para o desenhista Edison Rodrigues Ravanhani, a restauração das obras é suma importância, “Nossa cidade recebe visitas da região, e também do exterior, conservação é obrigação, pois quando se fala de Portinari, com certeza, em qualquer lugar do mundo, Batatais será sempre lembrada”. A Pesquisadora Cultural Alessandra Baltazar concorda com Edison e afirma que o caminho mais viável para a restauração é através das Leis de incentivo e isenção às empresas interessadas em realizar as reformas. 
O que fica claro é que há um jogo de “empurra- empurra” entre os órgãos competentes e, a cada dia que passa, as dificuldade para a reforma destas obras são maiores. A esperança é que nos próximos anos, os novos (ou os mesmos) representantes se solidarizem com a situação das telas, e que tomem medidas eficazes a este Patrimônio Cultural o qual, deveria ser valorizado da forma que merece. 

Museu Cândido Portinari
O principal museu de Cândido Portinari fica em sua cidade natal, na pacata Brodowski-SP a aproximadamente 340 quilômetros da capital. O museu está instalado em uma antiga casa da cidade onde Portinari residiu durante sua infância e juventude. No local, além das obras, há moveis e objetos usados por ele e por sua família.
O museu é de livre visitação e disponibiliza profissionais capacitados para acompanhar o público e para cuidar deste patrimônio nacional.
Mais informações no site: http://www.museucasadeportinari.org.br/

Descaso com livros didáticos utilizados pela rede publica de ensino


Bruna Ramos, Caroline Badin e Felipe Teruel

Conversando com pais e alunos de escolas municipais da cidade de Ribeirão Preto, uma das reclamações é de salas de aulas cheias de livros didáticos seminovos que ficam parados em espaços das instituições. A maioria desses livros está em bom estado e foi utilizado durante três anos pelos alunos, este é o tempo de renovação dos livros didáticos das escolas de todo país. No entanto, após estes três anos boa parte das escolas não sabe o que fazer com este material
Na cidade de Ribeirão Preto todos os livros didáticos utilizados nas escolas publicas são adquiridos através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) feito pelo Governo Federal. Para participar do programa as Secretárias da Educação do Município precisa se cadastrar no programa.
Para participar do Programa Nacional do livro didático as escolas da rede pública de ensino, devem aderir ao programa do Programa Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE). As escolas da rede pública de ensino fazem as solicitações dos livros que serão usados pelos alunos. A solicitação precisa ser feita até o mês de maio do ano anterior, dessa forma evita possíveis problemas na distribuição.  Depois que as escolas escolherem os livros, o FNDE negocia com as editoras a aquisição e as escolas recebem o material no prazo adequado ao ano letivo.
O PNLD distribui livros a cada três anos para as cidades cadastradas, com a constante distribuição, nos últimos anos as escolas publicas vem passando por problemas com o destino dos livros didáticos. Segundo Maria Ângela Marchi, assistente técnica educacional da Secretária Municipal de Educação de Ribeirão Preto, o destino dos livros é de livre escolha das diretoras de escolas, “se ela quer adotar como livro de consulta, ou se vai ficar com o aluno após o uso, ou até mesmo se vai doar há alguma instituição filantrópica”.
Segundo a estudante da segunda série do ensino médio da Rede Estadual de Ensino, Isabella Calil Garcia em sua escola já faltaram livros. “No começo do ano não tinha livro para todos da escola, e tínhamos que sentar em dupla”, diz Calil.
Com a má instrução das diretoras sobre o destino final dos livros didáticos, podem acontecer erros como o do dia 26 de junho de 2009, na Escola Estadual Eugenia Vilhena de Moraes, em Ribeirão Preto, onde foram encontrados em uma caçamba 1800 livros didáticos. Na época a diretora e sua vice foram afastadas do cargo. Até hoje ambas não foram julgadas e o caso caiu no esquecimento da população.

Livros didáticos jogados no lixo na Escola Estadual Eugenia Vilhena de Moraes, em Ribeirão Preto, o caso aconteceu em 29 de junho de 2009. Foto: Silva Junior/Folha Imagem 1
A nossa reportagem entrou em contato com a Secretária Municipal de educação de Ribeirão Preto, para entrevistar diretores de escolas mas não obteve autorização até o fechamento da reportagem. A delegacia de ensino de Ribeirão Preto também não respondeu a solicitação.



Portal das Bandeiras: Histórias da mini – cidade

Herena de Oliveira



A vida nos condomínios. Pequenas cidades dentro de cidades. Muito procurada atualmente devido à correria diária as pessoas buscam, principalmente, segurança. Para os que moram sozinhos é perfeito.
No entanto, os condomínios por serem comunidades onde pessoas de diversas e divergentes opiniões, modos de vida, religiões e costumes vivem apresenta os mesmos problemas que uma cidade.
E dentro de seus muros, esconde diferentes histórias. O Condomínio Residencial Portal das Bandeiras, no Parque Bandeirantes é considerado seguro e tranquilo. A rua é sem saída e tem pouco movimento. A vizinhança é pacata.
A cidadela possui nove blocos de sete andares com quatro apartamentos por andar. Tem estacionamento coberto – muito embora o número de vagas não seja compatível com o número de moradores –, playground para as crianças, quadra poliesportiva, um salão de festa por torre e uma portaria com porteiro 24 horas.
Seus moradores são figuras extremamente interessantes.  Uns vem para morar, outros vem para passar as férias, outros ainda para incomodar atazanar a vida alheia. Os funcionários prestam serviços à comunidade. A síndica nem sempre está presente, mas o zelador faz um bom trabalho. Faxineiras e faxineiros ajudam a manter a  mini cidade organizada e limpa. Embora nem toda a população contribua com isso.

Os personagens
Tudo começa na portaria, onde todos que entram e saem precisam se identificar. Porteiros 24 horas fazem o trabalho de segurança, o dia é dividido em três turnos: manhã, tarde e noite. O condomínio ainda conta com um funcionário folguista e um vigia noturno que ronda o condomínio enquanto os moradores dormem tranquilos em seus apartamentos.
Edivaldo da Mota, mais conhecido como Corintiano, é porteiro há quatro anos e meio no condomínio. Começou no horário da manhã e hoje é o porteiro da madrugada. É síndico no condomínio em que mora e acredita que o segredo do condomínio é manter a ordem. O porteiro acaba se tornando uma espécie de confidente, de guardador de segredos, de mantenedor da ordem. Estando em sua posição ele vê coisas, ouve coisas e essas são algumas de suas histórias.
“Quando eu fazia o turno da manhã, lá do bloco 05 por volta das onze e meia da manhã, uma moradora ligou reclamando da sua vizinha que estava martelando a parede, tava batendo em alguma coisa, e no condomínio tem regulamentos, de sábado e domingo não pode fazer barulho. Então ele confirmou qual era o apartamento da vizinha que estava fazendo barulho e interfonou lá. Para sua surpresa a vizinha “barulhenta” lhe perguntou se não podia nem martelar um bife para comer no almoço, na casa dela.”
Isso mostra como é a convivência em um condomínio. Cada um achando que o outro está ferindo seu direito, invadindo seu espaço.
“Tem outra história também, de uma agressão.” Um morador que morava com seu companheiro no bloco 01 ligou na portaria pedindo por socorro porque estava sendo agredido. O porteiro nada podia fazer, disse para chamar a policia. No mesmo dia a pessoa foi embora de mala e cuia dizendo que não voltaria mais. Uma semana estava de volta. E aconteceu novamente, o companheiro bateu nele de novo e dessa vez ele fez as malas e não voltou mais.
Maria Rosário Lopes da Silva Luiz mora no condomínio há 12 anos. Ela acredita que o condomínio é uma comunidade diversificada e que “para viver nessa comunidade você deveria fazer um curso, porque é complicado conviver com as pessoas”. 
Hoje em dia morar em condomínio é segurança, mas também é sinônimo de perca de liberdade, de vida própria. Você fecha a porta de seu apartamento e não pode dizer que está fechando a porta como se você tivesse uma casa que do portão para dentro você faz o que quiser. No apartamento, mesmo de porta fechada você tem o vizinho de cima, o de baixo e o do lado. Além disso, não pode dizer que é seu imóvel porque você paga por ele todo mês, a taxa do condomínio, que pode ser comparada a um aluguel “eterno”, que é o preço que se paga por preocuparmo-nos com a segurança.
E a falta de liberdade já começa quando você entra no condomínio. Tem o porteiro que vigia quem entra e quem sai. E tem também as regras do condomínio, que uns respeitam e uns se acham no direito de não respeitar. E os problemas são inúmeros. Afinal, conviver em família que é parente já é difícil, imagine conviver nessa “grande família” que é o condomínio. E é complicado porque muitas pessoas que moram em condomínio não tem a mentalidade de, por exemplo, manter o lugar limpo porque não é só dela, especialmente neste condomínio em que é permitido animais. 
 “O bom de um condomínio é um condomínio pequeno. Onde tem um prédio. Eu falo comparando porque eu já morei em apartamento que não era um condomínio grande. Era um edifício com vários apartamentos, era bem mais fácil. Porque aí é tranquilo, é um elevador pra lixo, um elevador social e fica tudo mais limpo, mais tranquilo.”
“Mas é morar num condomínio. Hoje a gente fala que é procurar segurança. É a única vantagem. Não existe outra!”, afirma o aposentado Fernando Martins da Silva que mora no condomínio há cinco anos. 
Fernando trabalhou como sapateiro, entregador de gás, vendedor, zelador e porteiro.  Gosta de viver no condomínio, mas acredita que numa comunidade deve estar sempre havendo melhoras. 
Maria Aparecida Pupin, a Dona Cida, é dona de casa. Mora no condomínio há dez anos. Antes dela era o filho que gostava muito de morar aqui. Pelo fato de ser uma cidade dentro da cidade, está bom. Você tem a segurança de sair e saber que vai voltar e encontrar tudo no mesmo lugar que deixou. “Apesar de falarem que em apartamento ninguém conhece ninguém, eu conheço todos os meus vizinhos aqui, são muito bons.”
Para Cida o ponto chave de um condomínio é um síndico que consiga prezar pela ordem. 
Paulo César de Siqueira mora no 53, adora ler e conversar com ele é também adentrar o universo da literatura. O Paulinho, como é mais conhecido, mora no Portal das Bandeiras há sete anos, e este é o terceiro condomínio que ele mora. Ele diz que dos três esse é o melhor, que aqui é tranquilo e seguro e que tem uma particularidade que ele acha muito interessante: “... é um condomínio de classe média baixa, mas onde todo mundo tenta ser classe média alta então isso faz com que a civilidade aumente e a convivência se torne mais agradável.”
Morar em condomínio é perder a privacidade, pois tem janelas e olhos por todos os lados. O lado positivo é que alguns vizinhos se tornam parentes, ajudam quando precisa e, além disso, morar em uma mini – cidade também tem uma característica que ocorre muito nas cidades: a divisão das pessoas em comunidades menores, como a que o Paulinho frequenta aqui que se reúne toda semana para rezar o terço. Acaba sendo um grupo mais próximo, mais amigo.
“Um detalhe que eu acho interessante de morar em condomínio é a frieza com que você se relaciona com seus vizinhos. A frieza e o calor, porque ora você é muito próximo e ora você é muito distante. Ao mesmo tempo em que você vê de perto o que está acontecendo você não se sente próximo o bastante para se ‘intrometer’ na vida da pessoa, seja para dar uma palavra de conforto ou um conselho... Esse é um detalhe de se morar em apartamento também porque está tão próximo e também tão distante.”
E a vida no condomínio Portal das Bandeiras é assim: uns satisfeitos, outros nem tanto. Mas nenhum deles abre mão da segurança oferecida por morarem em um condomínio.

Guarda Municipal de Sertãozinho registra por ano duas vezes mais ocorrências que a PM

Eliel Almeida e Cléo Soares


Foto: www.sertaozinho.sp.gov.br

“A Guarda Civil Municipal de Sertãozinho encontrou nesta terça-feira (21) produtos furtados e roubados, avaliados em R$ 2 milhões. O guarda civil Flávio Henrique Borges diz que foram encontrados 32 TVs LCD e LED, de 19 a 60 polegadas, 15 armas, munições de vários calibres, 40 dólares em dinheiro, cerca de R$ 1 mil em moedas, talões de cheque em branco, dvds, tablets, além de relógios de marca, celulares e joias, produtos avaliados em mais de dois milhões de reais.” Jornal A Cidade – Terça-feira 21 de Fevereiro 
Quem acompanha o notíciario policial da região de Ribeirão Preto,percebe que na cidade de Sertãozinho a Guarda Municipal tem aparecido mais que a Polícia Militar. Só no ano de 2011 foram 7.375 boletins de ocorrências registrados. E os casos são os mais diversos possíveis, desde um simples constrangimento até mesmo os mais graves crimes, como um homicídio por exemplo. Já a PM se limitou há apenas 3.533 ocorrências segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo.
Entre as ocorrências em 2011 que foram atendidas pela Guarda, se destacam a apreensão de 24 quilos de maconha, no bairro Vila Aurea Mendes Gimenes, e também a ocorrência citada acima.
Segundo o comandante da Guarda Municipal de Sertãozinho, Umberto Coelho a Guarda está apenas realizando o seu papel. “O trabalho da guarda é proteger a cidade de Sertãozinho, a guarda foi criada em 1962, inicialmente ela já foi criada para patrulhar as ruas da cidade”, disse Umberto que discorda de quem acredita que a função da Guarda é apenas vigiar prédios públicos. Somente em 1988 que se constou na constituição federal, que os municípios poderiam criar guardas municipais para cuidar dos bens, serviços e instalações. Então todo mundo resume isso dizendo que a guarda tem que cuidar de patrimônios ou de praças, e não é bem assim e a guarda em Sertãozinho desde sua criação sempre fez a segurança da comunidade sertanezina. 
Outro ponto em questão que também é bem defendido por Umberto, é o fato de quem Sertãozinho os GCMs trabalham armados. “A guarda já foi criada como guarda armada, então desde 1962 já trabalhavam com armas, revólveres calibre 38. Porém, com a lei 10.826 de 2004, aí sim foi garantido a nível federal as guardas em cidades com mais de 50 mil habitantes o direito de manter seu armamento. E no caso de Sertãozinho, nós utilizamos, calibre 38, pistola 380 e também calibre 12”, disse Umberto.
O armamento também levanta polêmicas, eles as utilizam e muito e isso ficou evidente em uma tentativa de roubo que aconteceu em uma loja no centro de Sertãozinho. Assaltantes utilizaram de um carro, invadiram a loja, porém perceberam a chegada dos guardas, na fuga um dos assaltantes um jovem de 18 anos,  morreu baleado, vitima da troca de tiros com os GCMs. Neste caso ficou claro que na cidade os Guardas tem poder de polícia. “A guarda dentro de suas ações sempre age com legalidade utilizando sim o poder de polícia, porém, somente nos casos de flagrante quando o meliante recebe voz de prisão e encaminhamos para a Polícia Civil”, disse Umberto.
Já em relação ao alto número de ocorrências que a guarda atende em comparação com a PM, Umberto se esquivou de qualquer comparação. “Nós procuramos não colocar nesta situação de superação em relação a Polícia Militar, claro que é uma instituição gloriosa e que tem os seus valores com certeza, mas a guarda municipal ela não vem para substituir nem pra disputar força com ninguém, ela vem para somar e para ajudar”, finalizou Umberto.
Esta também é a opnião do Tenente Coronel João Batista Camargo, comandante do 43º Batalhão de Polícia Militar de Sertãozinho, para ele as forças policiais quando trabalham em conjunto conseguem maiores resultados. “A Guarda Municipal é uma importante parceira na luta contra a criminalidade, o importante é que estamos juntos”, disse Camargo.

Chamadas
Mas nas ruas um simples fato corresponde a todo este “sucesso” dos GCMs, o atendimento telefonico. Para a população de Sertãozinho é muito mais fácil acionar a Guarda em uma ocorrência. “Eu sempre chamo a guarda, pois quando eu ligo a pessoa que me atende é daqui e a ligação não é desviada para Ribeirão Preto como acontece com a Polícia Militar”, declarou o publicitário Jonatas Pereira.
Em outros casos quando a ligação é feita por telefone celular a ligação é ainda mais complicado. “Uma vez precisei acionar a polícia pelo 190 com o meu celular, minha ligação caiu em Franca, foi dificil para explicar onde estava e qual era minha localização. Por ser uma situação que não podia esperar, acabei chamando a Guarda”, disse Claúdia Toledo, dentista que encontrou barreiras quando tentou acionar a PM.
Para o comandante da PM, esta situação vai continuar por muito tempo. “É de intenção do comando da PM regionalizar os atendimentos então com isso, as chamadas sendo de Sertãozinho, Pontal ou Barrinha irão sempre ser desviadas para Ribeirão Preto”, disse Camargo, que também relatou que isso é uma exclusividade apenas da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Treinamento
O treinamento dos soldados da Guarda é muito semelhante ao de soldados da PM. Em seus cursos que são realizados por um grupo especializado em treinar tropas de elite, os guardas aprendem desde uma simples abordagem, até mesmo uma situação mais complexa como no caso de uma tentiva de sequestro. No treimento dos GCMs, outra situação que chama atenção é a ação preparada para uma possível internvenção em casos de roubo a banco. O treinamento dos Guardas Municipais é realizado pelo Centro Avançado em Técnicas de Imobilização (Cati), que também é responsável pelos treinamentos de algumas tropas da SWAT (Polícia Norte Americana), e D.E.A. (Polícia Federal Americana), nos EUA, tendo ainda realizado treinamentos de urgência para os soldados norte-americanos que foram combater no Afeganistão. 
São treinamentos parecidos ou praticamente idênticos aos procedimentos que a Polícia Militar realiza com os seus soldados. Porém os soldados da PM são treinados pelos próprios militares que se especializam com treinamentos para serem ministrados aos demais soldados.

Opiniões
Na cidade de Sertãozinho, as pessoas estão contente com o trabalho que é desenvolvido tanto pela G.C.M quanto pela PM. “Eu acho que está bom, pelo menos sempre que precisei fui bem atendido”, declarou o jornalista Ednaldo Nascimento.
A dona de casa Maria de Lourdes também está satisfeita. “Me sinto segura sim, eu acho que a resposta da Guarda é mais rápida, mas a PM sempre está presente também”, disse Maria.


Artigo na Constituição federal sobre as Guardas Municipais:
- Art. 144 – A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
§ 8º Os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei  


Humana ou Desumana?


Bruna Magalhães, Laís Lubrani e Nathália Andrade


Francisco Bernardone nasceu na Úmbria Itália, em 1182. Sua cidade, era perto de Assis. Por tal motivo, ficou conhecido como Francisco de Assis e ao longo dos séculos foi admirado por seu voto de pobreza, humildade, liberdade religiosa, além da grande bondade com todos os seres vivos, em especial os animais.
No dia 4 de Outubro, comemora-se o Dia Mundial dos Animais. Este dia foi escolhido por coincidir com a data em que se assinala a morte (em 1226) de São Francisco de Assis, considerado o padroeiro dos animais.

Maus Tratos 
Maus tratos, no código penal brasileiro no capítulo da periclitação da vida e da saúde, no art.136: “Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa e animal sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. É punível com detenção de 2 meses a 1 ano, ou multa. E se do fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena é aumentada para a reclusão, de 1 a 4 anos, se resulta a morte reclusão, de 4 a 12 anos, aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos.”
Denúncias de maus tratos a animais crescem em todo Estado. Os casos mais comuns são abandono, manutenção de animais presos sem comida, manter animais em lugar impróprio, envenenamento, agressão física e até mutilação.
Em Sorocaba, por exemplo, no ano de 2012 foram registradas sete ocorrências. O número é considerado pequeno, mesmo assim as autoridades acreditam que a impunidade para estes crimes poderia ser maior se o assunto não fosse tão divulgado. 
Hoje, estas ocorrências ganham espaço em todas as mídias e sensibilizam a população. As impunidades estão sendo cada vez mais denunciadas.

Casos
Todos os casos de animais que são maltratados chocam a sociedade brasileira. Em dezembro de 2011, uma enfermeira torturou e matou um cão da raça Yorkshire em Formosa – Goiás. O animal foi chutado e jogado ao chão diversas vezes, além de ser agredido com um balde. O cachorro não resistiu aos ferimentos e morreu. As agressões aconteceram na frente de uma criança de cerca de 3 anos, filha da enfermeira.
De acordo com o delegado da 1° DP de Formosa, Carlos Firmino, pelo constrangimento da criança, o crime está previsto no estatuto da criança e do adolescente, o que poderia condenar a mulher de 22 anos até três anos e meio de prisão. 
Segundo o G1 de Goiás, o Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) lamentou a ação da enfermeira, mas por não estar no exercício da profissão, não teve o registro cassado. Ela foi denunciada pelo Ministério público de Goiás, o que a enquadrou em crime ambiental, em uma pena prevista de três meses a um ano de reclusão e pagamento de multa. 
Em várias cidades o descaso com animais está aparente. Existem muitos cachorros na rua que vasculham lixos como modo de sobrevivência, urinam em lugares desapropriados, estão sujeitos a pegar e transmitir doenças e ninguém se responsabiliza por isso. Afinal: a culpa está em quem abandona esses animais ou em quem administra a cidade?
São muitos os casos de abandonos. Silvana Hilário, mora em Viradouro, tem 39 anos de idade e é professora formada, mas não exerce a profissão. Deixaram dois filhotes na porta de sua casa: “Eu não podia ficar com eles porque já tinha quatro criações em casa”.
 Silvana ama animais e sentiu muita pena ao ver aqueles dois filhotes em sua porta. Resolveu alimentá-los, mas isso lhe causou algumas dores de cabeça. Ela pediu que uma funcionária sua, Viviane, fosse atrás de algum responsável pelo canil, mas ele não aceitou os filhotes e disse que depois de alimentá-los, os filhotes estavam sob total responsabilidade dela, o que a deixou indignada: “Quer dizer que eu tenho que deixar passar fome, ser desumana, deixar morrer, já que não posso ficar com eles, caso contrário sou obrigada a ficar com total responsabilidade sobre eles? Isso é um absurdo!” Absurdo maior, foi ter que ouvir do responsável do canil que ele realmente estava certo, porque aquilo supostamente seria lei; lei essa, desconhecida e possivelmente inexistente.
Com toda essa pressão, Viviane agiu sem pensar e deixou o cachorrinho em outro ponto da cidade. No dia seguinte o canil recebeu uma denúncia de dois filhotes abandonados e ao chegar ao local, o responsável identificou os filhotes que já haviam sido levados antes no canil e Viviane foi intimada judicialmente por abandono, mesmo ela não sendo a proprietário do cão.
Outra moradora da cidade, a dona de casa Cristina Cabral, de 48 anos, encontrou um cachorro dentro de um saco na Estrada Municipal “Banharão”. Segundo ela o cachorro estava saudável, não era tão pequeno e era bem cuidado, fazendo com que se questionasse: “Por que ele foi abandonado? Como uma pessoa que cuida de um animalzinho durante um tempo, nem se apega e é capaz de colocá-lo dentro de um saco sem ar?”.
Cristina o levou embora, está cuidando e suas filhas até já colocaram um nome: Leleco. Mas ela não pretende ficar com ele porque sua cachorra mais velha morre de ciúmes e está deprimida: “Diante essa tal lei, agora sou responsável por ele? Não posso ficar com o Leleco, mas não posso deixar ele passar fome e frio!”.
A administração da cidade tem sua parcela de culpa, por não dar importância ao caso: “Eles não querem saber de nada a não ser que levem vantagem, não fazem nada voluntariamente”.
Os tutores também têm sua parcela de culpa. Se as pessoas não gostam de animais, é melhor que não se comprometam a pegar uma criação, porque eles não são para ficar de enfeite. Dão trabalho e precisam de muita paciência e principalmente muito amor.  Para Silvana, animal não é descartável, e o amor independe de raças: “Eu amo meu vira-lata tanto quanto um de raça”.
Cristina Perin, bióloga formada na USP é contra a predominação de raças não só por causa do grande número de vira latas, mas também por que ela acha errado o modo que os Pet's tratam os seus bichinhos com pedigree. Ela, como bióloga já estudou e afirma que com a idade toda raça tem um problema específico e faz uma crítica: ''Animal não é mercadoria, as pessoas em que parar de financiar animais''.

Em Orlândia, interior de SP, um caso chocou a cidade. Em janeiro de 2012, um cachorro da raça Shih-tzu morreu depois de ser esquecido no porta malas da Clínica Veterinária Amigato e Cãopanheiro.
Segundo Cíntia Fonseca, a veterinária, o cão foi esquecido dentro do Pet Shop. Disse ainda que foi um "erro imperdoável" de sua parte e que cometeu uma "falha gravíssima". 


No Juizado Criminal Especial de Orlândia, a veterinária disse que foi possível constatar na pele do cachorro, algumas pintinhas vermelhas, significando que ele sofria de Erliquiose, uma doença transmitida pelo Carrapato Vermelho, que pode apresentar anemia e falta de oxigênio, deixando o cão com dificuldades de respirar. Sendo assim, o cachorrinho teve crises convulsivas, ocasionando um infarto.

Cristina Perin, acompanha as noticias de maus tratos com animais e dá um alerta: “É sempre muito importante conhecer o Pet que seu animal vai tomar banho, conversar com os veterinários e observar seu bichinho quando ele volta do local”.
Cris considera as manifestações de rua importantes para que as pessoas pensem, mas é contra apelações ridículas. O Greenpeace, para ela, faz manifestações bacanas e muito radicais. 
Ela acredita que leis não faltam no Brasil, mas as leis que temos, eles querem tirar, e isso não é certo. Mas o problema também está nas pessoas. Também afirma triste, que falta consciência, porque ninguém entende a importância de respeitar os animais. 
A bióloga ainda afirma com toda certeza: ''Se as pessoas fossem melhores não haveria animais abandonados".

Amparo aos animais 
Em Ribeirão Preto, existe a Delegacia de Proteção aos Animais. Ao se deparar com caso de maus-tratos ou crime contra um animal, é imprescindível fazer uma denúncia. É necessário que seja quem presenciou o ocorrido e para ter uma averiguação mais rápida, o ideal é ir, diretamente, na Delegacia e fazer um Boletim de Ocorrência, que é o melhor recurso para agilizar o processo. O telefone da Delegacia é 16 3610-6067 ou Disk Denúncia 181.
Por sorte, existem algumas manifestações contra os maus tratos. Uma Organização criou o “Crueldade Nunca Mais” que faz vários eventos contra os maus-tratos animais. Várias cidades do Brasil inteiro participam em dias e horários idênticos das passeatas e manifestações. São feitas com cartazes e vários protetores pedindo uma lei mais eficaz, a não utilização de animais em testes de laboratórios e faculdade.

Gatos da Vila
A finalidade do projeto é ajudar gatos a encontrarem um lar, promover castração, diminuir população de gatos errantes.
Fabiana Silva, é estudante de veterinária, tem 37 anos e acredita que o compromisso em cuidar dos animais está maior: “nos últimos dois anos surgiram duas ou três ONGS, sem contar os inúmeros grupos de protetores de animais no Facebook”.
A maior dificuldade é encontrar adotantes responsáveis, que cuidem com carinho e amor dos bichinhos: “Muitas pessoas estão adotando, porém mais pessoas ainda estão abandonando por não castrar suas gatas, e pelo grande número de gatos errantes (de vida livre) que existem nas cidades procriarem sem controle. A prefeitura de Ribeirão, por exemplo, financia a castração de apenas cinco mil animais por ano ,entre cães e gatos, enquanto as estatísticas Apontam cinco mil nascimentos por mês”.
Para Fabiana, gatos sofrem muito preconceito, desde a lenda que os pretos dão azar até a transmissão de toxoplasmose, que só se transmite por gatos de caça que ingerem ratos e/ou pássaros infectados também, ou seja: se seu gato não é de caça, ele não pode transmitir a doença.
Apenas se fala no gato como vilão transmissor da toxoplasmose, o que faz com que muitas mulheres grávidas abandonem seus gatos por medo de abortar ou o bebê nascer mal formado, orientadas por médicos desinformados. 
Cristina Perin acredita que infelizmente, muitas pessoas têm preconceito com gatos. Além do mais os gatos chegam em sua maioria, adultos, o que faz com que as pessoas não adotem, e sim, comprem um filhote.
A bióloga acredita que os gatos têm um diferencial: ''Um cachorro fica com você porque ele é totalmente dependente de você, o gato não, ele é independente ele fica com você por que ele realmente gosta, porque ele quer. Além disso, são tranquilos e muito companheiros. ''
Cristina não crê na teoria de que os gatos devem ficar nas ruas porque são animais livres. Muito pelo contrário: “As ruas tem muitos perigos para qualquer animal, temos um número muito grande de abandono e não é necessário aumentar. Eles se adaptam muito fácil desde que você saiba como cuidar dele.”

Focinhos S.A
A Focinhos S.A. é uma ONG de Ribeirão Preto imbuída no propósito de proporcionar abrigo para animais resgatados das ruas, para depois encontrar famílias dispostas a lhes oferecer amor e carinho em um novo lar.
O objetivo é recolher animais das ruas acolhendo-os e dando-lhes todo o tratamento necessário para que, ao se recuperar completamente, possam ser adotados por famílias dispostas a lhes oferecer amor e carinho em um novo lar.

Essa ONG, possui uma página no Facebook e automaticamente, quando as pessoas curtem essa página, recebem as informações sobre todos os cães e gatos abandonados e que precisam de um lar.

Uma das protetoras dos animais, da Focinhos S.A. é Elaine Menezes, que divulga em seu próprio perfil do Facebook várias fotos de cães e gatos maltratados e que precisam de carinho e amor.
Menezes conta que a Focinhos S.A possui dois locais onde os animais ficam: “Na casa da família tem um espaço bem grande e são tratados em torno de quarenta cães.
Na chácara, onde a Veterinária responsável pelos animais fica, a quantidade de animais é em torno de cem. Fora os que são resgatados diariamente e os que estão em Lares Temporários para receberem as doses de vacinas, vermífugos e constatação, através de Hemograma se estão com a saúde perfeita. É difícil estimar com certeza, pois há muitos resgates. Em um único dia a Patrícia resgatou quatro. Então o número de animais varia muito”.
Os animais resgatados passam por uma bateria de cuidados, vacinados, tomam banho com freqüência e são constantemente avaliados e recebem tratamento anti-pulgas e carrapatos.
Perguntei à ela se existem muitas denúncias de maus-tratos animais: “Muitas pessoas ainda têm medo de denunciar por acreditarem que suas identidades serão reveladas, ou por estarem próximos dos donos que maltratam. Mas a identidade delas é mantida em total sigilo e ninguém pode ameaçar uma pessoa por denúncia”.

Adoção
Elaine contou que a ONG Focinhos S.A realiza feiras de adoção: “Muitas pessoas param para ver os animais, principalmente quando estão com crianças. Além disso, compram os produtos feitos pelos voluntários para arrecadar fundos para a ONG.” Ela diz ainda, que as pessoas conversam com os voluntários e que muitos animais são sempre adotados. Ela acredita que a procura aumentou muito com as campanhas de adoção.
Mas a protetora faz uma crítica: “A Delegacia de Proteção aos Animais precisa estar mais preparada para atender às pessoas que sentem o desespero e a angústia de ver um animal ser maltratado e não ter como defendê-lo. (...) A conscientização precisa ser feita de maneira geral, em massa, para que todos saibam os valores a serem defendidos”.

Parte da equipe da ONG Focinhos SA

Denúncias por telefone podem ser feitas através do “Disque Denúncia:

Sul
RS, SC e PR: 181

Sudeste
SP, MG: 181
RJ: (21) 2253-1177 / 0300-253-1177 (Petrópolis)

Nordeste
BA: 3235-000 (Capital) / 181 (Interior)
SE: 181
AL: 0800-2849390 Polícia Civil / (82) 3201-2000 PM
PE: (81) 3421-9595 (Capital) / (81) 3719-4545 (interior)
PB: 197
RN: 0800.84.2999
CE: (85) 3488-7877
PI: 0800.280.5013
MA: 3233-5800 (Capital) / 0300.313.5800 (interior)

Norte
PA: (94) 3346-2250 / 181
AM: 0800.092.0500
RR: 0800.95.1000
AP: 0800.96.8080
AC: 181
RO: 0800.647.1016
TO: 0800.63.1190

Centro-Oeste

   MT, GO, DF: 197

   MS: 147



UBDS da Vila Virgínia é motivo de insatisfação dos pacientes devido à demora no atendimento


Cris Paulino e Leonardo Ruiz


Foto: www.mogianaonline.com.br


Pacientes da UBDS da Vila Virgínia estão insatisfeitos com o atendimento devido à demora no pronto atendimento médico e agendamento de consultas. 
Pacientes ficam por mais de quatro horas esperando atendimento médico, em alguns casos, o paciente corre risco de vida ou de agravar uma doença, pois vai embora para casa e se automedica por não aguentar esperar o atendimento.
A revendedora Débora Gil, afirmou que teve que esperar quatro horas para ser atendida debaixo da chuva que invadiu o local onde ela estava esperando o atendimento em janeiro deste ano. Goteiras molhavam a sala de espera.  Neste dia, Débora chamou a imprensa para registrar o fato e apesar de terem filmado o local, a matéria não foi ao ar. A paciente também ressalta o mau atendimento dos funcionários da UBDS da Vila Virgínia com má educação e respostas grosseiras.
Denise Ressi chegou com labirintite na UBDS da Vila Virgínia e tinha 150 pessoas à sua frente para serem atendidas e apenas dois médicos. 
Maria dos Anjos é diarista e também se queixa do mau atendimento da Unidade, “é um caos”. Maria relatou que em novembro de 2011 foi para o pronto atendimento por volta das 13h tinha cerca de 250 pessoas e apenas 3 médicos no local para atender. “Havia pessoas esperando mais de 5 horas por um atendimento”. 

A demora no Agendamento de Consulta também é queixa dos Pacientes

A prefeitura de Ribeirão Preto disponibiliza um número de telefone, no qual a ligação é gratuita, para agendar consultas com clínico geral, ginecologista e pediatria. Quando os cidadãos ligam para agendar, geralmente não tem data disponível e quando os pacientes perguntam quando irá disponibilizar, os atendentes dizem que não tem previsão, que é necessário ligar todos os dias para saber. Muitas vezes quando os pacientes retornam, a data foi disponibilizada e preenchida rapidamente.
“O prazo para conseguir uma consulta varia entre dois e três meses”, diz a empregada doméstica Maria dos Anjos.
No dia da consulta, são marcadas várias pessoas em um mesmo horário, com isso na hora de esperar um atendimento, as pessoas ficam cerca de 2h30 para serem atendidas.
A ouvidoria do SUS (Sistema Único de Saúde) informou que não há uma lei que determina um prazo limitado para agendamentos e tempo de espera em consultas no pronto-atendimento.
Segundo a informação dos atendentes do 0800 a responsabilidade de agendamentos e atendimentos da UBDS da Vila Virgínia é da gerente Giovanna Teresinha Cândido, porém, ela afirma que a Secretaria da Saúde que coordena a distribuição dos agendamentos. “As vagas são abertas a cada três meses, e divididos em novos casos e retornos. Um médico atende por dia 12 casos, sendo que 4 deles são novos”.
A gerente afirma que é necessário contratar mais médicos, porém, a UBDS não tem estrutura para isso. “Seria necessário construir novas salas”, conclui Giovanna.
Em relação ao pronto atendimento, Giovanna explicou que a UPA, que foi inaugurada no início do mês de junho na avenida Treze de Maio irá desafogar a UBDS da Vila Virgínia.
O Secretário da Saúde Dr. Stênio Miranda, não concorda que a UBDS precisa de mais médicos, e diz que a população confunde posto de saúde com padaria: “Eles acham que quando chegam, é só pegar o pão e ir embora”.
O secretário afirmou que algumas especialidades podem demorar para agendar, mas que existem critérios de prioridades em casos de urgência. Quando foi questionado sobre os equipamentos da UBDS o Dr. Stênio afirmou que existem poucos equipamentos e eles são mal distribuídos.
O Dr. Stênio Miranda ainda explicou que a demora na UBDS da Vila Virgínia é devido à falta de distritais de saúde em outras regiões da cidade e sem previsão de data e que no Jardim Marchesi será construída uma distrital para melhorar o atendimento na Vila Virgínia. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Moto: mocinha e vilã do mesmo filme



Fausto Daniel e Gabriel Guilherme




Nas últimas décadas as motocicletas tem tomado conta das ruas das grandes e pequenas cidades do Brasil. O motivo é simples: elas conseguem transportar mercadorias, documentos, encomendas com mais eficiência que outros meios de transporte, em alguns casos.
Uma vantagem das motos sobre os veículos de quatro rodas é que elas consomem uma quantidade de combustível significativamente menor. Enquanto um carro de passeio consegue uma autonomia em torno de 14 km com um litro de gasolina, uma moto chega a rodar 40 km com a mesma quantidade.
As motocicletas também apresentam um formato estreito, que lhes permitem passar tranquilamente no corredor de um congestionamento com centenas de carros parados. As vantagens não param por aqui. As motos também economizam nas viagens intermunicipais ou estaduais quando a questão é pedágio já que não é cobrada a taxa na maioria das praças.
Por outro lado existe o elevado número de acidentes em que eles se envolvem. Por se tratar de um veículo que depende do equilíbrio do seu condutor, e ser bem mais vulnerável em termos de proteção para seus ocupantes que um veículo convencional, as motos elevam o número de vítimas fatais no transito. O balanço de 2010 aponta, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que a cidade de São Paulo registrou 478 mortes naquele ano. Os números da CET também indicam que houve um aumento de 46% nas ocorrências envolvendo motos de 2005 a 2010.

Na prática:

O entregador André Milan, presta serviços para duas lojas de autopeças e uma loja de produtos agropecuários durante o dia e, durante a noite, faz entregas para uma pizzaria. São 450 km redados por semana, em média. Há três anos nessa rotina, André aponta os caminhos para não se envolver em acidentes: “Nunca bati... nunca! Basta obedecer ao limite de velocidade e ser atento ao que os outros motoristas fazem para evitar acidentes. Nem sempre funciona, pode ser que um dia aconteça, mas ajuda bem”. André percorre tanto perímetro urbano quanto rural sobre sua moto de 150 cilindradas (modelo mais usado para esse tipo de trabalho). Ele aponta o volume das cargas, no caso das auto das autopeças, como o fator que mais impõe risco a quem exerce a profissão.




João Paulo chagas (46) trabalha no ramo há seis anos, e ao contrário de André conta que já sofreu acidente enquanto trabalhava. “Machuquei superficialmente e trinquei a costela. Estava em baixa velocidade”.
João Paulo é entregador de gás, um dos poucos registrados e que recebem insalubridade pelo trabalho exercido.
Um estudo realizado pela faculdade de medicina da USP diz que 45% dos casos de fratura de clavícula são causados por acidentes onde a vítima usava a moto como meio de transporte. O tempo médio de recuperação desses pacientes é de dois meses. 
Nesse período a vítima fica sem trabalhar, o que pode significar um enorme problema financeiro caso não haja os benefícios do trabalho formal, como afastamento remunerado.
Afinal de contas, como qualquer outro meio de transporte, tem suas vantagens e desvantagens sobre os outros. Obedecendo ao que pede o CTB (Código de Transito Brasileiro) já é possível reduzir significativamente as possibilidades de se acidentar.

Pessoas no semáforo: você ajuda?

Thiago Forato, José Carlos Caffer Neto e Luan Dimas


Nossa reportagem esteve por três dias em diferentes semáforos da cidade de Ribeirão Preto observando aqueles que lá estão para conseguir dinheiro. É um meio de sobrevivência. Senhor Batista, de 73 anos, que o diga.
Há 50 anos em Ribeirão, Batista é um verdadeiro nômade dos semáforos. Apenas pede e não tem vergonha disso. Trabalhou na roça por 30 anos, natural de Divinópolis, interior de Minas Gerais, tem apenas um irmão com o qual não mantém contato. Com roupas rasgadas, semblante triste, barba por fazer e um boné de marca que ganhou do proprietário de uma Ferrari, na Avenida 9 de Julho, ele ganha nas ruas, em média, R$ 30 por semana. “Com esse valor eu consigo sobreviver, e tem sempre alguém que me ajuda. Passo nos restaurantes e quase sempre me recebem muito bem, graças a Deus”, disse. O boné, lembra ele, foi dado quando o dono tinha acabado de comprar, mas no meio do caminho, não gostou. “Ele pegou e me deu, dizendo para fazer dinheiro com isso. Mas acabei gostando e está na minha cabeça até hoje”.
Perguntado sobre o que espera da vida daqui para frente, vem uma resposta que choca: “Espero apenas a morte”, disse Batista, sem qualquer tipo de perspectiva futura.
Já Laurenci tem 49 anos, natural de Brejo dos Santos, no Paraná, é aposentado por conta dos medicamentos que toma – diariamente, ele precisa tomar Gardenal – um anti-convulsivo. Laurenci tem 18 cachorros e vai levando a vida com um sorriso no rosto, nunca morou sob um teto. Atualmente, possui um barracão ao lado do Parque Curupira. Está há 19 anos em Ribeirão e não se preocupa muito com o futuro. “Vou vivendo a vida, ganho R$ 120 por semana, dá pra viver, e minha vida são esses cachorros. Como posso ficar triste? Claro que espero coisa melhor, como um trabalho, tenho que ser otimista”.

O malabarista Pedro Aguiar está diariamente na Avenida 9 de Julho, no período noturno. Feliz pela coordenação motora que possui, lembra  de uma frase bastante clichê: “Poderia estar matando, me prostituindo, roubando, mas estou aqui fazendo meu show, meu espetáculo. As pessoas gostam. Teve uma vez que uns adolescentes bêbados, 2 da manhã, pararam e me deram R$ 300 em notas de 100, ganhei meu mês inteiro em fração de segundos”, diverte-se.

Esmola ajuda?

É o que muitos questionam, mas todos os personagens desta matéria creem que sem ela, não iriam sobreviver. Pedro, contudo, alerta que não pede esmola já que pratica seu show e o “público” dá se quiser.
Valéria Valente, publicitária, acredita que é preciso analisar cada caso. “Não gosto de dar, mas como cada caso é um caso, acabo ajudando algumas vezes. Existem casos de extrema necessidade”, conclui.
A mineira de Belo Horizonte, Izabella Souza, não dá esmolas e pensa que dar dinheiro, em nada ajuda. “Quase sempre são uns cachaceiros ou drogados, quem tem vergonha na cara vai trabalhar. A esmola é o cúmulo da depreciação do ser humano. É degradante tanto dar quanto receber”, reclama.
Enquanto nossa equipe esteve presente, observando pedintes e contribuintes, poucos, de fato, foram capazes de abaixarem seus vidros. Há uma espécie de barreira, não só física, como econômica e preconceituosa. Em um dos casos, vimos um motorista chamar um mendigo de “Monkey cachaceiro” e o mandando fazer alguma coisa da vida, a palavra inglesa ganha um peso pejorativo e preconceituoso.  
Todas essas pessoas com que estivemos sofrem diariamente algum tipo de preconceito e são tratados, por vezes, com indiferença pela sociedade. Falta oportunidade, e o tripé básico para que um país seja soberano: saúde, segurança e educação. O Brasil, um país emergente, tem uma economia de dar inveja ao resto do mundo. Porém, com toda essa desigualdade e renda mal distribuída, nunca chegaremos a um denominador comum. Caminhamos a passos de tartaruga e evoluímos pouco, perto do que poderíamos evoluir.
Quem muda isso? Nós mesmos. Se cada um acredita ou não, é uma outra discussão, na crença no próprio ser humano.